Comentários efectuados por Ana Duarte
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Queridos Amigos,
Esse texto sobre a possibilidade de ter três dias para voltar a ver é uma preciosidade, a que cada um poderia acrescentar ou modificar um parágrafo, o seu parágrafo! Não lembro mais do local onde encontrei este texto na internet, pois recordo que a par deste havia tantos outros, mas foi este que mais me cativou e comecei a divulgá-lo pela Internet, entre amigos invisuais e normovisuais, cativando a todos, pela sua profundidade e preciosidade. Nunca pensei falar nisto e muito menos deste modo, mas acho que será oportuno dizer que este texto tanto serve para um invisual como para um normovisual valorizar tudo o que o rodeia e voltar-se mais para cada um dos seus sentidos, para também aí encontrar uma espécie de plataforma de entendimento quase comum com quem não dispõe do uso total dos cinco sentidos e compreender essas pessoas. Por mais complicado que seja e até utópico, na óptica de um invisual, o que é perfeitamente natural, enquanto normovisual que sou, desde longos anos, tenho tido uma tendência muito pouco comum acho eu, de fazer alguns percursos a pé, seja em que piso ou circunstância, de olhos fechados. Não perguntem porquê, simplesmente, julgo que precisava sentir tudo sem o sentido da visão, que no fundo retrata este texto na medida inversa, ainda que bastante redutora, claro! Na realidade, fascinava-me o sentir de cada um dos meus sentidos, a forma como queriam e faziam por tomar posse do meu corpo, adoptando como seu o espaço no qual me encontrava (num passeio a caminho do emprego para onde circulo a pé, ao passear o cão e sendo confrontada com alguns obstáculos ou paragens habituais de um cão absolutamente normal que se passeia para cuidar das suas necessidades fisiológicas, mas também ao passear num parque relvado, aos altos e baixos e sob o calor do sol, sentindo maior o risco do desiquilibrio, mas adorava sentar-me num banco de jardim, no Palácio de Cristal a tentar perceber a origem e a quantidade de fontes de água que se encontravam em meu redor, ou ter a percepção do chilrear das aves e tentar distinguir diante de quais me encontro, etc...)O que pretendo transmitir com isto que convosco partilho e a raras pessoas terei dito, em toda minha vida, é que não desejo ser cega como todos sei que não desejariam e só Deus sabe se algum tal destino me esperará..., mas desejaria que todos quantos têm o dom de ver como eu tenho neste momento, dessem mais valor ao sentido da visão e aos restantes também e pensassem como seria se perdessem algum ou alguns deles durante três dias, como que invertendo a história relatada pela Hélen. O que fariam aqueles que vêem, se perdessem a visão, por exemplo?
Aí sim, estou certa que todos estariamos em igualdade de circunstâncias, como tenho o hábito de dizer e certamente mergulharíamos numa espécie de plataforma comum de entendimento, onde a discriminação teria forçosamente de passar ao lado, dando lugar a uma abençoada sensação de compreensão, maior solidariedade e, mais do que isso, uma partilha de pura aprendizagem! Tornar-se-á mais fácil para um normovisual com um intimo muito especial compreender e valorizar estas palavras do que qualquer outro, despreocupado e despachado nas coisas da vida, que mal se preocupa em olhar para o lado e perder-se nas pequenas coisas que têm valor nesta vida...
Sem me alongar mais, queria apenas agradecer a todos os invisuais que atravessaram o meu caminho e me encheram a alma com as suas histórias e o seu jeito mais ou menos divertido de ser... em suma, agradeço tudo quanto me fizeram sentir e levaram a aprender.
Bem hajam todos quantos tornam este mundo melhor, tocando no coração de quem não imaginam tocar e que essa luz que alumia o vosso interior nunca deixe de brilhar...
Um forte abraço a todos,
Ana
Fico feliz por constatar que muita coisa boa se vai realizando para benefício do invisual, mas receio que o povo português ainda não tenha tanta sorte quanto o povo irmão brasileiro, designadamente no tocante a menus em braille, nos restaurantes. Ouve-se falar de Autarcas interessados em corrigir obras públicas no sentido de melhorar as acessibilidades da população com necessidades especiais, já se vêm medicamentos com designação em braille e outros produtos, mas menus... francamente ainda não me deparei com nenhum. um dia que isso suceda, confesso que me sentirei no auge da alegria, por constatar que Portugal se preocupa consideravelmente mais com os invisuais do que no passado recente. Sejamos optimistas, muito se tem feito já nos últimos tempos e o exemplo do telemóvel no Metro fala por si. Haja esperança e não silêncio e as manifestações de progresso serão mais nítidas, quero acreditar!
Cumprimentos e tudo de bom para todos.
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