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Comentários efectuados por mariana

  • mariana comentou a entrada "Arte para deficientes visuais" à 14 anos 11 meses atrás

    ADOREI O COMENTÁRIO E TAMBEM ESTOU FAZENDO UM TRABALHO SOBRE ISSO
    BJUUUUUUXXXXXXXXX DE MARY

  • Mariana comentou a entrada "Namoro entre cegos e entre um cego e um normovisual: Quais as diferenças?" à 15 anos 6 meses atrás

    Ldias,
    Concordo plenamente com você. Minha mãe é cega total devido a um acidente de carro. Conheceu meu pai anos após ter sofrido o acidente, casaram, engravidaram... Bom, isso já faz 21 anos. Ela assume responsabilidades na casa, assim como eu e meu pai. Apesar de possuirmos empregada, fato comum a classe média brasileira, minha mãe não se isola de tomar a frente da arrumação, limpeza, compras, cozinha, roupas. Também possui uma profissão, é fisioterapeuta, e a exerce diariamente. Apesar de algumas restrições, é independente e autônoma. E falando em restrições, quem não as tem? Lógico, que pessoas cegas possuem algumas em comum, dada o déficit do sentido da visão, mas não é por eu ser normovisual que irei escalar o Everest ou me tornar uma campeã mundial de saltos ornamentais. Nós, seres humanos, somos distintos, cada qual com suas aptidões e suas restrições.
    Quanto a minha educação, acredito que a deficiência da minha mãe não me tornou uma pessoa melhor ou pior. Com certeza havia ações que eram dificultadas pela deficiência, como conferir a lição do colégio, assistir a desenhos sem diálogos, ensinar andar de bicicleta dentre outras atividades. Atividades que desenvolvia com meu pai, mas minha mãe estava constantemente a nos acompanhar. Por outro lado, era minha mãe a quem procurava quando chorava ao cair da bicicleta, que me contava os contos das princesa que tanto gostava, que me colocava para dormir. Isso não é uma relação normal entre muitas famílias? Bom, para a minha era... Além do mais, a deficiência da minha mãe me fez compreender desde pequena a diversidade humana. Não é porque minha mãe é cega que ela é igual à mãe cega de algumas colegas. Aliás, quando criança esta idéia nunca passou pela minha cabeça. Tinha amigas filhas de amigas da minha mãe igualmente cegas, e nunca as achávamos iguais. Na verdade, quando pequena, as mães das nossas amigas tendem a serem muitos mais legais, sejam por ser mais liberais ou darem presentes em caso de boa nota na escola, enfim... Minha mãe era a minha mãe, única, independentes de possuir características que fossem rotuladas pelos demais.
    Se a cegueira da minha mãe incomodava aos outros? Sim, a muitos! E o sentimento de piedade também era expresso por muitos: pobre, nunca viu a filha!; seu pai deve ser um santo, cuidar de você e da sua mãe!; que bom que ela tem uma filha, assim terá sempre alguém para ajudá-la! Essas opiniões machucam? Sim, como qualquer inferência negativa ou mentirosa que façam sobre nossos pais, independente de suas condições físicas. No entanto, o assunto da deficiência sempre foi debatido e conversado de forma clara na minha casa, e a idéias da estigmatização e do preconceito sempre foram me passado, o que facilitou minha compreensão do que era comentado por alguns. Afinal, nunca enxerguei minha mãe como uma vítima, uma incapaz subordinada aos desejos meus ou do meu pai. Não, ela era a quem eu pedia ajuda, a quem eu pedia permissão, quem eu pedia conselhos, quem me dava ou não o dinheiro da festa ou cinema. O papel de mãe, não era diferente por ela ser cega, apesar de todos que não conosco conviviam teimassem em acreditar.
    Enfim, acredito que não haja limitações, além daquelas impostas pelo estigma e preconceito, em qualquer tipo de relação entre normovisuais e deficientes visuais. Nunca tive uma mãe normovisual, assim não posso dizer se minha mãe é ou não diferente por ser cega. Mas ela, como indivíduo que é, é sim distintas das demais mães, pois passou por distintas experiências pessoais, sociais e culturais que a definiu como o ser humano que é.
    Somos uma família, nos respeitamos e tentamos entender os limites um dos outros, apesar de nem sempre isso ser possível. E isso, acredito, é independente a deficiência visual.