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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Antigo na Escrita e Atual no Conceito

por Francisco Lima

Prezados,

Não são poucos os escritos de como portarmos em relação aos indivíduos com deficiência. Entretanto, esses escritos ainda são necessários e indispensáveis na transformação de atitudes.
No texto que trago hoje tem na redação termos que devem ser evitados como "retardado", mas tem no conceito, ensinamentos primorosos ao educador.
Então, percebamos as barreiras atitudinais que o texto reprova, ao dar-nos orientações do que evitarmos e de como agirmos no trato com a pessoa com deficiência.
Ao lermos, reflitamos, antes de apenas citarmos.
Cordialmente,
Francisco Lima
Adaptado de: OS DEFICIENTES E SEUS PAIS
por Leo Buscaglia

PRODUZINDO CRIANÇAS DEFICIENTES “INCAPACITADAS”

“...Médicos, pais, professores, amigos, parentes, todos, sem dúvida, bem intencionados, se encarregarão de convencer essas crianças, ou de ajudá-las a aprenderem, de que são incapazes. É muito difícil evitar tal atitude, pois nossos próprios medos, ignorância, apreensões e preconceitos surgirão sob milhares de formas distintas, a maioria delas inconscientes. Aparecerão disfarçados no jargão médico e pedagógico, em testes psicológicos, na proteção paterna, no excesso de preocupação da família, sempre vestidos com o manto do amor.

É imperativo, portanto, para aqueles que cuidam de indivíduos deficientes, estar sempre alerta, a fim de se assegurarem de que não estão colaborando com o processo de esses indivíduos se tornarem também incapazes.”

PARA NÃO PRODUZIR INCAPACIDADE

- Lembre-se de que os deficientes são indivíduos próprios. Eles não pertencem a você, à família, aos médicos ou à sociedade.

- Lembre-se de que os deficientes são pessoas antes de tudo, e que têm o mesmo direito à auto-realização que quaisquer outras pessoas - no seu ritmo próprio, à sua maneira e por seus próprios meios. Somente eles podem superar suas dificuldades e encontrar a si mesmos.

- Lembre-se de que os deficientes têm a mesma necessidade que você de amar e ser amado, de aprender, partilhar, crescer e experimentar, no mesmo mundo em que você vive. Eles não têm um mundo separado. Existe apenas um mundo.

- Lembre-se de que os deficientes têm o mesmo direito que você de fraquejar, falhar, sofrer, desacreditar, chorar, proferir impropérios, se desesperar. Protegê-los dessas experiências é evitar que vivam.

- Lembre-se de que somente aqueles que são deficientes podem lhe dizer o que é possível para eles. Nós que os amamos devemos ser observadores atentos e sintonizados.

- Lembre-se de que cada deficiente é diferente dos outros e que, independente do rótulo que lhe seja imposto para a conveniência de outras pessoas, ele ainda assim é uma pessoa "única". Não existem duas crianças retardadas que sejam iguais ou dois adultos surdos que respondam e reajam da mesma forma.

- Lembre-se de que os deficientes devem agir por conta própria. Podemos oferecer-lhes alternativas, possibilidades e instrumentos necessários - mas somente eles podem colocá-los em ação. Nós podemos apenas permanecer firmes, e estar presentes para reforçar, encorajar, ter esperança e ajudar quando possível.

- Lembre-se de que os deficientes, assim como nós, estão preparados para viver como desejarem. Eles também devem decidir se desejam viver em paz, com amor e alegria, como são e com o que têm, ou deixar-se ficar numa apatia lacrimosa, esperando a morte.

- Lembre-se de que as pessoas portadoras de deficiências, independente do grau destas, têm um potencial ilimitado para se tornar não o que nós queremos que sejam, mas o que elas desejam.

- Lembre-se de que os deficientes devem encontrar sua própria maneira de fazer as coisas - impor-lhes nossos padrões (ou os da cultura) é irreal e até mesmo destrutivo.

- Lembre-se de que os deficientes também precisam do mundo e das outras pessoas para que possam aprender. O aprendizado não acontece apenas no ambiente protetor do lar ou em uma sala de aula, como muitas pessoas acreditam. O mundo é uma escola, e todas as pessoas são professores. Não existem experiências insignificantes.

- Lembre-se de que todas as pessoas portadoras de deficiências têm direito à honestidade em relação a si mesmas, a você e à sua condição. Ser desonesto com elas é o pior serviço que alguém pode lhes prestar. A honestidade constitui a única base sólida sobre a qual qualquer tipo de crescimento pode ocorrer.

- E, acima de tudo, lembre-se de que os deficientes necessitam do que há de melhor em você. A fim de que possam ser eles mesmos e que possam crescer, libertar-se, aprender, modificar-se, desenvolver-se e experimentar, você deve ter essa capacidade. Você só pode ensinar aquilo que sabe. Se você é aberto ao crescimento, ao aprendizado, às mudanças, ao desenvolvimento e às novas experiências, permitirá que eles também o sejam.