Prezados,
Em breve estará disponível em Português a obra de JOEL Snyder “CONSTRUINDO IMAGENS COM PALAVRAS
Manual de Treinamento abrangente e Guia em
História e Aplicações da Áudio – Descrição”.
Os interessados neste importante livro sobre áudio-descrição pode escrever-me (limafj.br), para reservar uma cópia da obra.
Depois de algumas palavras a respeito do autor, veja um pouco da história da áudio-descrição, contada por quem fez e é parte dessa história.
“SOBRE O AUTOR
JOEL SNYDER é Presidente da Audio Description Associates, LLC [www.audiodescribe.com] e Diretor do Audio Description Project da American Council of the Blind [www.acb.orq/adp]. Membro da Actors' Equity Association, da American Federation of TV, da Radio Artists e da Screen Actors Guild. Trabalha há 20 anos como especialista em artes para a National Endowment for the Arts. Um dos primeiros “áudio – descritores” (c. 1981), Joel Snyder é talvez o mais conhecido internacionalmente, desenvolvendo trabalhos com eventos de teatro e mídia e oferecendo o primeiro serviço contínuo de audio-descrição do mundo. No início dos anos 70, gravou "livros falados" para a Library of Congress (em português: Biblioteca do Congresso) e realizava leituras privadas para indivíduos cegos – adicionalmente, suas habilidades como descritor fizeram com que centenas de produções teatrais, em apresentações ao vivo, se tornassem acessíves para plateias não videntes ou com deficiência visual. Na mídia, Dr. Snyder utilizou a mesma técnica para valorizar produções da série American Playhouse da emissora PBS, transmissões das redes ABC e FOX, filmes, vídeos educativos, o filme Blue Planet da IMAX e o espetáculo And A Star To Steer Her By no Planetário do National Air and Space Museum (em português: Museu Nacional Aero-Espacial) do Instituto Smithsonian.
Estando à frente do American Council of the Blind (ACB), Dr. Snyder foi o fundador e é o diretor do Projeto Audio Description Project (ADP) da ACB, concebido com o objetivo de incentivar e impulsionar a conscientização para todos os formatos da descrição em todo o território dos Estados Unidos. O ADP ofertou descrição para ambas as cerimônias de posse do Presidente Obama transmitidas em rede nacional pela ABC-TV e também para a biografia, Barack Obama da Arts & Entertainment Network. O Projeto também ofereceu descrição para o lançamento do DVD celebrando os 30 anos do The Miracle Worker (em portugues, O Milagre de Anne Sullivan) apresentando Patty Duke como "Annie Sullivan." O ADP patrocina o prêmio anual Audio Description Awards, coordena conferências internacionais sobre áudio-descrição, conduz anualmente o Audio Description Institute, promove o concurso “Young Described Film Critic” para estudantes cegos (a iniciativa “Listening Is Learning”, promovida em parceria com o Described and Captioned Media Program) e mantém o site do ADP, recusro principal para o acesso à informação sobre áudio-descrição de todos os gêneros.
Como Diretor do Described Media para o Instituto National Captioning Institute, um programa fundado pelo próprio Dr. Snyder, liderou uma equipe que produziu áudio-descrição para filmes, transmitidos nacionalmente, e para seriados incluindo os programas e os DVS do “Vila Sésamo. Foi membro do "painel de especialistas" da American Foundation of the Blind encarregado de analisar as diretrizes para áudio-descrição de multimídia educacional. Tem participado como membro de diversos painéis de acesso à mídia na Federal Communications Commission (FCC), no Disability Access Committee da International Telecommunications Union (em português, União Internacional de Telecomunicações) e na Description Leadership Network do Video Description Research and Development Center.
Além de trabalhar mormente no treinamento em áudio-descrição para a mídia, Dr. Snyder, à frente da Audio Description Associates, LLC, desenvolve visitas guiadas com áudio-descrição para os principais museus e Centros Turísticos em todo o território dos Estados Unidos incluíndo a escrita/sonorização de visita guiada com áudio-descrição para o Enabling Garden at the Chicago Botanic Garden (em português, Jardim Botânico de Chicago), para o National Aquarium (em português, Aquário Nacional) em Baltimore, para o International Spy Museum (em português, Museu Internacional de Espionagem) em Washington, DC, para o Museu J. Paul Getty em Los Angeles, para a Galeria Albright/Knox em Buffalo, para o Museu Salvador Dali em St. Petersburg, Flórida e para inúmeras localidades do Serviço Nacional de Parques e Serviço Forestal dos Estados Unidos. Dr. Snyder capacitou, em técnicas de áudio-descrição, docentes nos museus: Smithsonian's National Museum of American History e Sackler/Freer Galleries, no International Spy Museum em Washington, DC, o Seattle Art Museum, o Metropolitan Museum of Art, o Cooper-Hewitt Museum of Design e o National Museum of the American Indian na cidade de Nova York. Também ministrou as técnicas de AD para agentes do Serviço Secreto/guias turísticos da Casa Branca. É também o produtor e autor da primeira visita guiada com áudio-descrição da Casa Branca. Dr. Snyder trabalhou em estreita colaboração com o Disability Rights Committee (em português, Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência) da campanha presidencial de Obama em 2008, servindo como um orador substituto sobre as questões da deficiência para a campanha e coordenou uma áudio-descrição para os Desfiles das Posses Presedienciais em 2009 e 2013.
Internacionalmente, o Dr. Snyder introduziu técnicas de descrição em 35 países. Mais recentemente, na Croácia, Eslovénia, Israel, África do Sul, Islândia, Índia, Taiwan, Tailândia, Irlanda, Polônia, Hong Kong e Malásia; ele conduziu "master classes" sobre áudio-descrição em Londres, Praga e São Petersburgo, Rússia. Desenvolveu uma equipe de áudio- descritores para o Segundo Festival Internacional de Filmes sobre Deficência de Moscou como o resultado de seminários intensivos realizados na Rússia. Liderou visitas guiadas com áudio-descrição em Genebra e áudio-descreveu para a Assembléia Geral da World Blind Union (em português, União Mundial de Cegos), na Suíça, após a apresentação de um trabalho sobre áudio-descrição na Conferência Internacional da Federação de Tradução em Xangai, na China. Dr. Snyder treinou áudio-descritores no Brasil e apresentou trabalhos sobre descrição na Itália, na Conferência Internacional sobre a Arte e Sociedade e na Espanha no Seminário de Pesquisa Avançada em Áudio Descrição.
Snyder é doutor pelo Center for Accessibility and Ambient Intelligence na Universidade Autonoma de Barcelona, em Barcelona, na Espanha.”
“...Na década de 1960, Chet Avery, um cego e amante de teatro, agora aposentado pelo Departamento de Educação, idealizou a áudio-descrição como um processo formal que pode transmitir as imagens visuais de apresentações teatrais para pessoas cegas ou com baixa visão.
Ele compartilhou sua experiência com o conceito de áudio-descrição, em uma entrevista realizada em julho de 2011. O Sr. Avery nasceu em Sanford, Maine, em 1937, e com 17 anos, perdeu toda a visão devido a um descolamento de retina. Ele observa que tinha visão quando adolescente, mas quando perdeu toda a visão, ele sentiu uma sensação de alívio - ele não tinha mais que "passar a vida preocupado com os seus olhos."
Ele "curtia" filmes: era o ano de 1954 e "todos tinham grandes vozes e havia muito mais enredo do que nos filmes de hoje ... mas eles eram principalmente uma experiência visual.”
Sr. Avery lembra que usava livro falado com fones de ouvido e leitores ao vivo e logo se formou no ensino médio com louvor e honras, buscando uma educação universitária em Harvard. Finalmente, ele recebeu o título de mestre, pela Harvard, em educação e orientação educacional, lecionou em escolas particulares e mudou-se para Washington, DC, em 1964, quando aceitou uma proposta para o cargo de gerente de subsídios no Departamento de Educação dos Estados Unidos.
Foi um momento de grande foco do governo em programas domésticos. A área que gerenciava informações estatísticas e subsídios para a "educação especial" (programas para crianças com deficiências), era próxima ao escritório do Sr. Avery. Parte das responsabilidades da divisão de educação especial envolvia o apoio a programas de legendagem para vídeos educativos. Avery conhecia o chefe dessa divisão - John Goss - e Avery propôs "audiolegendas” em filme para pessoas cegas. Isso foi em 1964 (Avery recorda que uma funcionária não governamental - a esposa de Spencer Tracy, Louise Treadwell - foi a força motriz para as legendas para filmes. Filmes de 35mm foram enviados para as escolas com as legendas gravadas da mesma forma que eram feitos os filmes mudos.)
Nada veio da proposta de Avery - seu apelo “caiu por terra”. Mesmo entre outros cegos, a ideia, de acordo com Avery, parecia "trapaça". As pessoas cegas deveriam ser tão independentes quanto possível, através do Braille, técnicas táteis e cão-guia ou a bengala branca". Uma das colegas de Avery, Josephine Taylor, oficial de projetos e chefe de divisão dos Serviços de Educação Especial, foi uma forte defensora pelos serviços educacionais para crianças cegas e com múltipla deficiência e apoiou programas de formação de professores para essas populações especializadas. A sra Taylor, no entanto, acredita que "um pai que descreve não está ajudando. [Crianças cegas] devem aprender a pensar com os ouvidos. [Usando a descrição] é trapacear! O visual não existe para essa pessoa, então é necessário orientar a criança para o mundo que a rodeia utilizando os seus próprios recursos e habilidades."
Em 1967, um novo administrador, o Dr. Morland Woods nomeou Avery diretor da Office for the Disadvantaged and Handicapped (em português, Secretaria da Pessoa com Deficiência). Durante a próxima década, Avery integrou o que era então o Programa de Artes do Departamento de Educação e trabalhou ativamente com entidades de artes baseadas em Washington, DC, sobre as disposições de acessibilidade. A seção 504 da Lei de Reabilitação do ano de 1973 prevê que toda organização que recebe financiamento do governo deve ser acessível - "Nenhum indivíduo qualificado com deficiência nos Estados Unidos ... deve, unicamente em razão de sua deficiência, ser excluído de participação, ou ser negado benefícios de serviços, submetido a discriminação proveniente de qualquer programa ou atividades que receba assistência financeira federal ". Em 1998, a seção 508 foi incluída na lei obrigando as agências governamentais a cumprirem o disposto a seguir, mencionando especificamente a áudio-descrição: "todas as produções multimídia e de vídeo informacional e de treinamento que apoiam a missão da agência, independentemente do formato, que contenham informação visual necessária para a compreensão do conteúdo, devem ser áudio - descritas. "(grifo nosso)
Como parte da atividade local de Avery, ele ajudou Wayne White, gerente da casa Arena Stage em Washington, DC, a criar uma comissão de acessibilidade para aconselhar o Arena sobre as diversas maneiras de tornar o teatro acessível. Grande parte do foco era sobre o acesso das pessoas em cadeiras de rodas, bem como o uso de um novo desenvolvimento eletrônico: um sistema de apoio à escuta projetado para aumentar o som para as pessoas que possuem dificuldades de audição.
Novamente, Avery perguntou-se em voz alta se a ideia de "audiolegenda" poderia ser empregada usando o mesmo equipamento - exceto com áudio – descrições individuais durante as pausas entre as falas de um diálogo e elementos sonoros importantes. Desta vez, Avery estava entre um público receptivo, junto com colegas do comitê, Margaret Rockwell, uma mulher cega com um PhD em Educação, e seu futuro marido Cody Pfanstiehl, especialista em meios de comunicação e relações públicas. Rockwell fundou o The Metropolitan Washington Ear, um serviço de leitura de rádio de circuito fechado para as pessoas cegas ou para aqueles que de alguma forma não têm acesso à impressão; Avery atuou no conselho administrativo original. O The Ear possuía dezenas de voluntários, com excelentes habilidades e competências linguísticas e de fala; Dr. Pfanstiehl percebeu que ela tinha a capacidade de desenvolver um serviço de áudio-descrição que poderia compreender o conceito "audiolegenda" de Avery.
E então, em 1981, o programa de Áudio-Descrição do the Washington Ear foi desenvolvido. Eu já era um leitor voluntário no The Ear, um ator/locutor profissional e professor de Inglês. (Quando eu comecei a ler para o The Ear em 1972, uma das minhas atribuições era The Washington Post aos domingos - e, assim como o prefeito LaGuardia, eu me tornei um descritor das "histórias em quadrinhos"!) Eu me tornei um dos primeiros áudio-descritores no programa do The Ear, o primeiro serviço de áudio-descrição em curso no mundo.
Na última reunião do comitê na Arena, White enumerou a lista de recursos de acessibilidade que o grupo tinha recomendado, enfatizando a recente instalação de um "sistema de apoio à escuta" para impulsionar o som para o benefício dos frequentadores de teatro que tinham dificuldade para ouvir. Os indivíduos, usuários deste sistema, usariam fones de ouvido e escutariam o diálogo e a música amplificadas por microfones colocados no palco. White perguntou: "Algo mais?" Avery se intrometeu: "Há mais uma coisa! Poderíamos descrever as peças, talvez usando o mesmo sistema de escuta? "Rockwell percebeu que em seu rádio havia um equipamento de gravação (para gravação de material para antes do espetáculo) e leitores talentosos que podiam servir como descritores. Isso foi em 1980. Os Pfanstiehls reuniram cerca de 5 ou 6 de voluntários que ela selecionou. Como parte desse pequeno grupo, começamos a definir e desenvolver o que viria a se tornar o primeiro serviço de áudio-descrição em curso no mundo.
Na costa oeste dos Estados Unidos: Gregory Frazier, um professor da San Francisco State University, desenvolveu formalmente os conceitos que embasavam a áudio-descrição e diretrizes gerais para a sua utilização. Sua obra aconteceu na década de 1970, desconhecendo o Sr. Avery e Dr. Pfanstiehl na costa leste. No obituário de Gregory T. Frazier em 1996, o jornal New York Times chamou Frazier de "um visionário de San Francisco, que teve a ideia de fornecer áudio-descrição eletrônica simultânea para os cegos para que eles pudessem desfrutar de mais do que simplesmente o diálogo do cinema, televisão e peças de teatro."
No início de 1970, Frazier estava relaxando em sua casa com um amigo que, por acaso era cego. O programa da noite? High Noon (em português, Matar ou Morrer) com Gary Cooper passando na televisão. O artigo do NY Times relata que "A pedido do amigo, Frazier, falando rapidamente entre as falas do diálogo, forneceu descrições concisas das cenas e ações. O amigo ficou tão grato, pois naquele pouco tempo Gary Cooper atirou em Frank Miller que morreu, tirou a estrela de seu próprio peito e jogou-a ao chão antes de subir em um vagão e saiu com Grace Kelly, Sr. Frazier ... era um homem mudado . "
Frazier percebeu que as descrições concisas que ele forneceu para o seu amigo de forma improvisada poderiam ser de antemão pensadas, editadas, gravadas e reproduzidas através de receptores de rádio FM em filmes - ou transmitidas por canais de áudio secundários na televisão. Frazier, um graduado da San Francisco State University, voltou à faculdade para obter um diploma de mestre em jornalismo, desenvolvendo a tese - "a televisão para cegos" - que explorou o uso de áudio-descrição para melhorar a produção televisiva em 1974 A Autobiografia de Miss Jane Pittman. Nos dez anos seguintes, o Sr. Frazier trabalhou no departamento de comunicação e arte na universidade, para depois fundar a organização sem fins lucrativos AudioVision SF em 1991 para fornecer áudio-descrição para as artes cênicas em localidades de San Francisco.
No final do trabalho de Frazier na San Francisco State University, August Coppola, o chefe do departamento de comunicação da universidade, tornou-se um apoiador entusiasta do conceito que Frazier continuava a nutrir. O irmão do Sr. Coppola, o diretor Francis Ford Coppola, e Frazier criaram o Audio Vision Institute e Coppola concordou em incorporar a áudio-descrição em seu filme Tucker (em português, Tucker - Um Homem e Seu Sonho) em 1988.
A AudioVision SF ainda está funcionando, fornecendo áudio-descrição regularmente para espetáculos teatrais em toda a área da Baía (Bay Area). Em 2010, a Audio Vision SF e Gregory Frazier (postumamente) receberam o premio Barry Levine Memorial Lifetime Achievement em Áudio - Descrição, apresentado pelo Projeto de áudio-descrição do American Council of the Blind.”
Querem saber muito mais sobre áudio-descrição?
Em breve postarei mais uma mostra dessa valorosa obra para estudo e treinamento de áudio-descritores.
Cordialmente,
Francisco Lima
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