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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Coisas que se pode aprender com a Descrição, para fazer a Áudio-descrição

por Francisco Lima

Prezados,
Inspirado pela leitura da obra “REDAÇÃO ESCREVENDO COM PRÁTICA “ de JOÃO JONAS VEIGA SOBRAL, trago-lhes algumas dicas para a produção da áudio-descrição:
“       É sempre bom começar sua descrição de personagem retratando primeiro um aspecto de caráter geral e em seguida mesclar descrições físicas... Deve-se, contudo, seguir uma certa ordem na descrição. Se você começar a descrever uma personagem pela cabeça por exemplo, procure descrever os cabelos, olhos, boca...sempre seguindo uma ordem lógica.”

Obs.: Aqui, lembremos de dizer da própria cabeça:

Maricota, velha, magra, de tez lívida, estampa uma cabeça ovalada, de uma orelha à outra. Tem cabelos tingidos de preto, sobre fios esbranquiçados. Eles são  lisos e estão cortados irregularmente, na altura dos ombros.
A testa de Maricota é estreita e pronunciada, fazendo um degrau acima das sobrancelhas ralas e pintadas em ondas pretas irregulares e falhas. As pálpebras caem-lhe sobre os olhos em duas cortinas de pele pálidas e disformes. Os cílios grossos e irregulares cobrem-lhe o pouco que se pode ver dos olhos amarelados e opacos, já semifechados pelas pálpebras flácidas.
O nariz de Maricota, cumprido, fino, torto  e muito magro, aponta diretamente para o queixo estreito e ossudo, o qual lhe estica em um triângulo imperfeito a boca larga de lábios murchos, que mal lhe cobrem os dois dentes pretos e quebrados. O rosto chupado, marcado de cicatrizes e cheio de rugas e verrugas compõe-lhe aparência ainda mais cadavérica, ao  alongar-se em direção das orelhas largas e caídas.

B) “A DESCRIÇÃO DE AMBIENTE E PAISAGEM
         Espaço é o lugar físico onde se passa a ação narrativa, e ambiente é o espaço com características sociais, morais, psicológicas, religiosas, etc. Ao descrevermos um ambiente fechado, escuro, sujo, desarrumado, normalmente sugerimos um estado de angústia da personagem, ou solidão, ou desleixo... já lugares abertos, claros, coloridos, sugerem felicidade, harmonia, paz, amor...
         Portanto o ambiente descrito em seu texto deverá fazer com que o leitor perceba o rumo da história.”

A dica aqui é que, assim como as luzes dão (provocam) diferentes “climas” às obras, as palavras as traduzem com igual intensidade, quando bem escolhidas e empregadas. Uma casa de filme de terror, por exemplo, deve ser traduzida com palavras que, igualmente, provoquem no usuário da áudio-descrição os arrepios de uma casa de filme de terror.

Um casarão velho, de paredes desbotadas, com janelas carcomidas e de vidros quebrados totalmente , em alguns lugares, apenas com a metade em outras, deixa ver uma sala lúgubre, de onde vem uma luz amarelada. Pela janela se vê um sofá coberto de pano, rasgado e sujo. À frente dele, uma mesa grande de madeira. Atrás da mesa, sob um relógio de parede, um piano velho, sobre o qual pousa um livro preto e de capa grossa. Mais ao fundo da sala, quase na totalidade da sombra, um armário de madeira tem a porta entreaberta. Da abertura, pende uma perna de criança. No chão, Maricota sorri, sentada numa poça de sangue, segurando uma cabeça loira nos braços. Ao lado dela, “uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas”, expõe: “Fígado, rins e coração
   
Adivinhem que jogos de câmera foram necessários para vermos tudo isso?

“C) DESCRIÇÃO DE CENA
Conhecida também como descrição dinâmica ou animada, esse tipo é muito semelhante à narração; pois inclui pessoas, animais, veículos em ação.”

Meus caros, como diz Lima, “descrever, qualquer um descreve”. Devo acrescentar: alguns descrevem melhor, muito melhor!
E, como ele alertou: “Áudio-descrever, ao áudio-descritores cabe.”
Como eu tenho um restinho de juízo, deixo para os colegas exemplificar a letra C destas dicas.
Abraços,
Francisco Lima

ESCREVENDO “COM PRÁTICA
UNIDADE 3: A DESCRIÇÃO
CAPÍTULO 1
DESCRIÇÃO”