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Lua Azul - blog de lua azul

Viajando pelo mundo dos livros... "O Livro do Destino" de Brad Meltzer - Capítulo 27

por lua azul

Medoo! é só o que vos posso dizer em relação a este 27º capítulo do "Livro do Destino". Se Romano já nos parecia assustador logo quase desde a primeira vez em que o seu personagem nos é descrito por aqui, neste 27º capítulo parecerá muito mais e Nico então... Quase que mais vale nem falar nisso! Quem terá que se cuidar definitivamente será Wes, afinal de contas o jovem que há cerca de oito anos atrás disparara sobre Boile sem que no entanto o tivesse conseguido aniquilar foge do hospital psiquiátrico onde já estava internado desde essa altura única e exclusivamente com a finalidade de o matar! Tudo isto por causa da visitinha do Romano que vem despertar memórias menos boas ao nível do seu ser e também do destino no qual acredita piamente, mas deixo então este 27º capítulo publicado por aqui na íntegra para que possam comprovar cada um destes factos.

27

“Ele é aquele em quem atirei, não é?" sussurrou Nico, olhando para uma foto recente de Wes. "O inocente."
"Em toda guerra há inocentes", disse O Romano. "Mas o que preciso saber é..."
"Ele está mais velho..."
"Passaram-se anos, Nico. É claro, ele está mais velho." Nico puxou a foto para mais perto de si. "Eu o arruinei, não é? Ele está arruinado agora." "Perdão?"
"Nos seus olhos", replicou Nico, focalizando cada pedacinho da foto. "Eu já vi esse olhar... na batalha... garotos na batalha têm esse olhar."
"Tenho certeza de que eles têm", disse O Romano, apanhando a foto e esforçando-se por manter Nico no trilho. "Mas preciso que você me diga se..."
"Nós os liberamos das tarefas quando eles têm esse olhar", disse Nico quase orgulhosamente. "Eles perdem a causa de vista."
"Exatamente. Eles perdem a causa de vista. Vamos focalizar isto." Batendo na foto de Wes, O Romano acrescentou: "Lembra-se do que ele disse sobre você? Na audiência, alguns anos atrás?"
Nico permaneceu silencioso.
"Do que mesmo ele o chamou? Um selvagem?"
"Um monstro", resmungou Nico.
O Romano sacudiu a cabeça, bem ciente da descrição de Wes. Mas, como em qualquer interrogatório, a chave era ocultar as grandes pergun¬tas. "E essa foi a última vez que ouviu falar dele?", perguntou O Romano.
"Ele me censura. Recusa-se a perceber que salvei a todos."
O Romano observava Nico com cuidado, agora convencido de que Wes não manteve contato. É claro, essa era apenas uma parte da razão dessa visita. "Falando nisso, você pensa em Boyle?"
Nico ergueu o olhar, os olhos furiosos apenas por um minuto, de¬pois calmos. O ódio desapareceu quase instantaneamente. Graças aos mé¬dicos, ele finalmente aprendeu a enterrá-lo. "Nunca", disse Nico.
"Absolutamente nada?"
"Nunca", repetiu Nico, com a voz baixa e controlada. Ele passara oito anos aperfeiçoando sua resposta.
"Está bem, Nico. Você está a salvo agora, então..."
"Eu não penso nele. Eu não", insistiu ele, ainda sobre os joelhos e olhando direto para o vermelho ardente do rosário. "O que aconteceu a... ele... ele..." Engolindo com dificuldade, Nico pegou as contas, depois parou. "Ele me colocou aqui. Ele..."
"Você pode dizer o nome dele, Nico."
Nico sacudiu a cabeça, ainda olhando para as contas. "Nomes são ficções. Ele... Máscaras para o demônio." Sem aviso, o braço de Nico se estendeu, agarrando as contas do rosário do centro da cama. Levou-as ao peito, o polegar passando furiosamente de conta em conta, incluindo a pequena gravura de Maria que havia no rosário.
"Nico, acalme-se..."
"Apenas Deus é verdade."
"Eu compreendo, mas..."
"Deus é verdade!" explodiu ele, passando pelas contas mais rápido do que nunca. Virando-se para o outro lado, Nico balançou para a frente e para trás... lentamente, depois mais depressa. Agarrando cada conta, uma por uma. Os ombros se curvavam a cada balanço, e seu corpo se curvava cada vez mais baixo, praticamente formando uma bola ao lado da cama. Ele continuava tentando falar, depois abruptamente se interrompeu. O Romano já havia visto isso antes. A batalha interior. Sem aviso. Nico olhou por sobre o ombro. O Romano não precisou de uma visão 20/6 para perceber as lágrimas em seus olhos.
"Você está aqui para redimir-me?", Nico soluçava.
O Romano gelou, fingindo que tudo aquilo só dizia respeito a Boyle... e dizia, mas...
"É claro", disse O Romano, enquanto ia até o outro lado da cama. Colocando uma mão sobre o ombro de Nico, ele pegou o violino do chão. O Romano lera o bastante do arquivo médico para saber que esse ainda era o objeto que mais ajudava Nico a mudar seu estado. "É por isto que estou aqui", prometeu ele, enquanto Nico abraçava o seu violino.
"Para a redenção?", perguntou Nico pela segunda vez.
"Para a salvação."
Nico abriu um sorriso, e as contas vermelhas caíram ao solo. Pela ma¬neira como Nico estudava o violino com os olhos semicerrados, O Romano sabia que ele tinha alguns momentos de calma. Era melhor fazer tudo rápido.
"Em nome dos Três , eu estou aqui para a sua purificação... e para ter certeza de que quando se trata de Boy... Quando se chega à Besta, que sua influência não é mais sentida pelo seu espírito."
"O que aumenta nossa fé... O que fortalece nossa esperança... O que aperfeiçoa nosso amor", começou Nico a rezar.
"Então vamos começar", disse O Romano. "Qual é a última lem¬brança que você tem dele?"
"Na Revolta", começou Nico. "Sua mão levantada com o V da vitó¬ria... envaidecendo-se diante da multidão com seus dentes brancos bri¬lhantes. Depois a raiva em seus olhos quando puxei aquele gatilho — ele não sabia que tinha sido atingido. Ele estava furioso... enraivecido quando rangeu os dentes. Essa foi a sua primeira reação, mesmo diante da morte. Ódio e raiva. Até ele olhar para baixo e perceber seu próprio sangue."
"E você o viu cair?"
"Dois tiros no coração, um na mão quando eles me abaixaram. Cortei seu pescoço também. Ouvi-o gritando enquanto me agarravam. Gritando por sua vida. Suplicando... mesmo no meio dos berros... por sua vida. Eu... alguém me ajude... E depois os gritos pararam. E ele riu. Eu ouço coisas. Eu podia ouvi-las. Em meio ao seu próprio sangue. Boyle estava rindo."
O Romano passou a língua pelos dentes. Sem dúvida, isso era ver¬dade. Rindo durante todo o caminho para a liberdade. "E desde então?", perguntou ele, escolhendo cada palavra com cuidado. Apesar do risco, ele precisava saber se Boyle estivera ali. "Ele apareceu recentemente?"
Nico parou, erguendo o olhar do violino. "Apareceu?"
"Em... em seus sonhos."
"Nunca em meus sonhos. Sua ameaça parou quando..." "E em qualquer outro lugar, em visões ou...?" "Visões?"
"Não em visões... você sabe, como..."
"Seu poder é tão grande?" interrompeu Nico.
"Não, mas nós..."
"Para ser capaz de fazer isto... chamar de detrás das cinzas..." "Não existe esse poder", insistiu O Romano, tocando de novo no ombro de Nico.
Saindo rápido para trás, Nico afastou-se da mão do Romano. Suas costas bateram no aquecedor e o violino caiu de novo ao chão. "Para a Besta se levantar..."
"Eu nunca disse isso."
"Você não negou!", disse Nico, com os olhos movendo-se de um lado para o outro, completamente em pânico. Agarrando firmemente os punhos, ele girou as mãos de maneira selvagem, como se não pudesse controlar seus movimentos. "Mas para ele estar vivo... o Grande Sofri-mento dura sete anos — meu tempo ausente — seguido pela ressurreição do morto..."
O Romano deu um passo atrás, gelado.
"Você também acredita nisso", disse Nico.
"Isto não é verdade."
"Eu ouço sua voz. O tremor! Eu estou certo, não estou?" "Nico..."
"Ele está! Com a ressurreição... A Besta vive!" Eu nunca...
"Ela vive! Meu Deus, meu Senhor, ela vive!" Nico gritava, ainda de joelhos, quando se voltou para a janela à prova de estilhaçamento, gritan¬do para o céu.
O Romano temia que se chegasse a essa situação. Procurando den¬tro do bolso de sua jaqueta, ele tirou o celular, um modelo antigo, grosso. Com um aperto de seu polegar, ele abriu a parte de trás do celular e reve¬lou um compartimento de chumbo que continha uma pequena seringa e uma lâmina de barbear solta. Sua identidade falsa e a insígnia do Serviço Secreto lhe permitiam trazer a arma que estava enfiada no coldre em seu tornozelo, mas seringas e lâminas? Não em um hospital psiquiátrico.
"Nico, está na hora de acalmar-se", disse ele, enquanto deslizava a se¬ringa entre o indicador e o dedo do meio. O fentanil o derrubaria facilmen¬te, mas ele tinha trazido a lâmina para fazer parecer que era um suicídio.
"V-Você vai me atacar?", perguntou Nico, quando se virou e viu a agulha. Os olhos se tornaram cinza-escuros e suas narinas dilataram-se. "Ele o enviou!", gritou Nico, espremendo-se contra o aquecedor e preso no canto. "Você é um deles!"
"Nico, eu estou com você", confortou O Romano, enquanto se aproximava. Não havia prazer em abater um animal. "Isto é apenas para acalmá-lo", acrescentou ele, sabendo que não tinha escolha. Abandonar um corpo certamente levantaria perguntas, mas não seria tão ruim como deixar Nico gritando, durante o mês seguinte, que Os Três existiam e que Boyle ainda estava vivo.
Os olhos de Nico se estreitaram, focalizando a arma no coldre que estava no tornozelo. Como se ele tivesse descoberto um velho amigo.
"Não pense nisso, Nico. Você não pode..."
A porta se abriu, batendo contra a parede. "Que gritaria toda é essa...? Que diabos você acha que está fazendo?!", perguntou uma voz profunda.
O Romano olhou para trás à tempo de ver dois assistentes entrando inesperadamente no quarto. Isso era o que Nico precisava.
Como uma cobra desenroscando-se, Nico pulou até as pernas do Romano. Sua mão direita agarrou a rótula do joelho do outro, girando-a como uma tampa de garrafa. A mão esquerda foi direto para a arma no coldre do tornozelo.
"Aaaaah!" berrou O Romano, desabando no chão. Mesmo antes do impacto, Nico estava arrancando a arma do coldre.
"Nico, não..." ameaçou o assistente com o brinco na orelha.
Já era muito tarde. Como um pintor virtuose com seu pincel há muito perdido, Nico sorriu quando a arma deslizou na palma de sua mão. Ainda de joelhos, ele estendeu ligeiramente a mão, deixando a arma os¬cilar sob seu controle. "Construída com silenciador... nem o cano nem a empunhadura pesados", disse ele para O Romano, que ainda estava se contorcendo no chão. "Belo trabalho", acrescentou, com um grande piscar de olhos enquanto sorria para os assistentes.
"Nico...!"
Quatro tiros abafados assobiaram. Os dois assistentes gritaram. Os primeiros tiros furaram suas mãos. Assim como havia feito com seu pai. E com Boyle. Os estigmas de Cristo. Para lhes mostrar a dor de Jesus. Os dois bateram com força contra a parede antes mesmo de perceber as duas balas finais que se alojaram em seus corações.
Ficando em pé, Nico nem observou quando os assistentes caíram ao chão, deixando listras vermelhas paralelas na parede branca. Girando, ele apontou a arma para O Romano, que estava de costas, apertando algo em seu peito. O tiro seria rápido e fácil, mas, quando o dedo de Nico ia apertar o gatilho...
"Homem de Deus!", gritou O Romano, levantando o rosário de contas de vidro vermelho. Elas dependuraram-se em seu punho, balan¬çando como um relógio de bolso de um hipnotizador. "Você sabe disso, Nico. O que quer que você pense... Nunca mate um homem de Deus."
Nico parou, enfeitiçado pelo rosário que balançava na luz esmae¬cida. As contas continuavam a oscilar, no mesmo ritmo que a respiração rápida do Romano. O suor acumulou-se no lábio do Romano. Olhando para cima, do chão onde se encontrava, ele podia enxergar direto dentro do cano da arma. Nico não faria contato visual. Nem mesmo se daria conta de que ele estava ali. Perdido nas contas do rosário, Nico procurava uma resposta, sem mover a arma. Sua testa se enrugava e se desenrugava para enrugar-se de novo, como se ele estivesse lançando uma moeda para cima dentro de sua própria cabeça. E então a moeda aterrissou. Nico pu¬xou o gatilho.
O Romano fechou os olhos quando um único tiro assobiou. A bala atravessou sua mão esquerda vazia, bem no centro da palma. Antes que ele pudesse sentir, o sangue começou a sair de sua mão e escorrer pelo punho em direção ao cotovelo.
"Onde ele está!?", perguntou Nico.
"E-Eu vou matá-lo por causa disto", berrou O Romano.
"Uma outra mentira." Voltando-se ligeiramente à direita, Nico apon¬tou para a outra mão do Romano. "Depois de tudo o que você prometeu... vir até mim agora e protegê-lo. Que poder a Besta tem sobre você?"
"Nico, pare!"
Sem hesitar, Nico puxou para trás o cão da arma. "Responda a mi¬nha pergunta. Onde ele está?" "E-Eu não tenho idé..."
"Por favor, mova o rosário", pediu Nico gentilmente, apontando para as contas, que estavam abaixadas na altura da perna do Romano. Quando O Romano as pegou, Nico apertou o gatilho e um segundo tiro abafado atravessou o ar, fazendo um furo no pé do Romano. Os dois feri¬mentos queimavam como agulhas grossas torcendo-se através de sua pele. Ele rangeu os dentes e segurou a respiração, esperando passar a dor aguda inicial. Tudo o que ele fazia piorava as coisas. "Uuuuuhhh!" gritou.
"Onde... está... Boyle?" perguntou Nico.
"Se... se eu soubesse você acha que eu viria aqui?"
Nico ficou em silêncio por um momento, processando o pensa¬mento. "Mas você o viu?"
O Romano sacudiu a cabeça, ainda lutando contra a dor. Ele podia sentir o pé inchando, preenchendo o sapato.
"Outra pessoa o viu?", perguntou Nico.
O Romano não respondeu. Nico o observava com atenção, incli¬nando ligeiramente a orelha na direção dele.
"A sua respiração está começando a se acelerar. Espero que você não tenha um derrame", disse Nico.
O Romano desviou o olhar da cama. Nico olhou direto para ela.
Na coberta, perto da extremidade, estava a fotografia em preto-e-branco de Wes. "Ele?" perguntou Nico, pegando a foto. "É este...? Foi por isso que você perguntou sobre ele, não é? Aquele que arruinei... foi ele quem viu a Besta."
"Tudo o que fez foi ver..."
"Mas para se comunicar... para estar pactuado com a Besta. Wes é corrupto agora, não é? Profanado. É por isso que o ricochete..." Nico as¬sentiu rapidamente. "É claro! É por isso que Deus enviou a bala na direção dele. Não é coincidência. Destino. Vontade de Deus. Para abater Wes. E o que Deus começou..." Os olhos de Nico se estreitaram ao olhar a foto. "Vou fazê-lo sangrar de novo. Eu o deixei escapar, mas vejo agora... no Livro. Wes sangrando."
Erguendo o olhar da foto, Nico levantou a arma e apontou para a cabeça do Romano. Da janela acima do aquecedor, a vidraça lançava a densa sombra de uma cruz diretamente no rosto do Romano.
"A clemência de Deus", sussurrou Nico, abaixando a arma, voltando as costas para O Romano e olhando para a janela grande à prova de estilhaçamento. O silenciador da arma era bom, mas a segurança logo estaria ali. Ele não parou nem por um segundo. Tinha tido oito anos para pensar nesse momento. À prova de estilhaçamento. Não à prova de bala.
Dois tiros mais saíram da arma, perfurando o canto esquerdo e o direito do vidro, explodindo a base da janela.
Ainda no chão, O Romano tirou a gravata para fazer um torniquete para o pé. Um punho apertado aliviou a dor em sua mão. O sangue já en¬chia seu sapato, e a batida de seu coração parecia que golpeava seu braço e sua perna. Uns poucos passos adiante ele ouviu o som monótono de uma bola de boliche, depois a ruptura do vidro. Olhou para cima a tempo de ver Nico batendo com o pé contra o furo no canto esquerdo da janela. De acordo com o seu nome, o vidro não estilhaçaria, mas ele cederia, es¬tourando como um plástico de bolhas enquanto os pequenos fragmentos lutavam para permanecer juntos como uma folha plástica quase flexível. Agora Nico conseguira uma abertura. Lambendo os lábios, ele pôs o pé contra o vidro e agarrou o aquecedor para que este funcionasse como ala¬vanca. Com um outro empurrão, um pedaço, do tamanho de um punho grande, da janela verde-mar quebrou separando-se do resto. Ele empur¬rou de novo. E de novo. Quase conseguindo. Houve um pequeno rompimento e um som agudo de miado de gato quando a janela lentamente levantou-se para fora e para cima como um velho papel de parede. Depois um som surdo final e — nada.
O Romano olhou para cima quando uma rajada de ar frio atingiu seu rosto.
Nico já tinha desaparecido.
Arrastando-se até a janela, O Romano agarrou a parte de cima do aquecedor e içou-se. Dois andares abaixo, ele percebeu a pequena marca na neve, que havia amortecido a queda de Nico. Pensando em persegui-lo, ele deu uma outra olhada na altura e sentiu o sangue vazando pela meia. Sem chance, disse para si mesmo. Ele mal podia ficar em pé agora.
Esticando o pescoço para fora da janela e seguindo as pegadas — a partir da marca na neve, através da neve parcialmente derretida, ao longo do caminho dos funcionários —, ele logo avistou Nico: seu pulôver criava um ponto marrom destacando-se na camada branca brilhante de neve. Nico não olhou para trás.
Depois de alguns segundos, a mancha marrom desbotada de Nico ganhou uma pequena mancha de preto quando ele levantou a arma e apontou-a para o declive. Do ângulo da janela em que estava, O Romano não podia ver qual era o alvo de Nico. Havia um guarda no portão, mas isto era cerca de quinhentos metros à frente...
Um psst sussurrado e um fio de fumaça saíram do cano da arma. Bem ali, Nico diminuiu seus passos para um andar calmo, quase relaxado. O Romano não precisava ver o corpo para saber que havia sido um outro tiro direto.
Enfiando a arma na algibeira de seu pulôver, Nico parecia um ho¬mem sem preocupação no mundo. Como se estivesse passeando, passou pela antiga construção do exército, passou pelas sepulturas, passou pelos cornisos sem folhas — quando sumiu de vista — diretamente para fora do portão da entrada.
Mancando em direção à porta, O Romano pegou a seringa e a lâ¬mina do chão.
"Vocês estão bem?", perguntou uma voz de mulher através de um aparelho portátil transmissor e receptor dos assistentes. "Tudo bem", mur¬murou ele no aparelho.
Levando-o consigo, ele virou-se e deu uma olhada final no quarto. Foi só naquele momento que se deu conta de que Nico havia também levado a foto em preto-e-branco de Wes. Wes sangrando.