Teatro, lançamento de Guia do Greenpeace sobre aquecimento global em braille, shows musicais com artistas cegos da cidade e distribuição do alfabeto escrito no sistema braille para a comunidade, são alguns
ingredientes do projeto 'Barrados no Braille', que acontece sexta-feira (9), a partir das 20h, na Praça da Paz, no Bairro dos Bancários.
O evento, que homenageia os 198 anos de nascimento de Louis Braille, inventor do método de leitura e escrita para pessoas cegas, é promovido pela Associação Paraibana de Cegos (Apace), em parceria com a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope); o Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha; a Editora Universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); a Organização Não-governamental Bibliotecas Braille & Comunitárias, Construindo a Cidadania; a Associação de Deficientes Visuais de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e o Greenpeace do mesmo Estado.
Programa
Fará parte da programação, a Cia. de Teatro Perfil, apresentando esquete intitulada 'Barrados no Braille'; haverá também o lançamento de um guia do Greenpeace sobre o aquecimento global, em Braille, com a distribuição de 50 exemplares a pessoas cegas e shows com artistas cegos de João Pessoa, coordenados pelo cantor e compositor Beto Melo, que tem dois discos gravados e participações premiadas em festivais, a exemplo do 'Forró Fest', da rede Globo Nordeste; a cantora Joana Belarmino e o artista Betinho Feliciano, ganhador do Festival de Música Junina, ocorrido em junho de 2007, com a música 'Na água e no sá'.
Teatro
"Barrados no Braille" é também o nome da peça que será apresentada pela Cia. de Teatro Perfil, que tem duração de 15 minutos e conta um pouco do universo dos cegos e a importância do método Braille para a integração dessas pessoas. A 'Cia. de Teatro Perfil' conta neste espetáculo com a presença da atriz Marcela Moreira, uma estudante cega, com 20 anos de idade, recém chegada ao grupo e tendo a oportunidade de vivenciar a experiência de aprender a arte dramática.
A presidente da Apace, Joana Belarmino, falou da importância desta atividade cultural no contexto mundial atual, quando diversas organizações de pessoas cegas de todo o mundo estão em contagem regressiva para a comemoração do bi-centenário de nascimento de Luís Braille, ocorrido em 4 de janeiro de 1809. "João Pessoa antecipa-se às comemorações e promoverá atividades até 2009, quando esperamos encerrar o projeto em grande estilo", informou.
O método
Até o final da segunda década do século XIX, as pessoas cegas em todo o mundo não podiam ler nem escrever. Nessa época, o genial menino francês Luís Braille, com apenas 15 anos, combinando esforços de pesquisas anteriores, inventou o seu método de seis pontos em relevo, que se combinam e se associam para gerar as letras do alfabeto greco-latino, além dos números e dos sinais de musicografia.
Joana Belarmino fala do valor da invenção deste método, para as pessoas cegas, em todo o mundo. "A partir desse invento e da sua incorporação aos programas educacionais, as pessoas cegas alcançaram inúmeras conquistas no plano pessoal, profissional e nas mais variadas áreas do conhecimento humano".
Para ela, o Braille não é apenas um método de escrita das pessoas cegas. "O Braille é um legado da cultura humana. É uma atualização da escrita convencional em uma interface tátil. É um invento tão importante quanto as novas interfaces tecnológicas que são colocadas hoje à serviço da humanidade".
Ainda segundo a presidente da Apace, alguns setores da sociedade brasileira já reconheceram a importância do Braille como estratégia de informação para as pessoas cegas, a exemplo de algumas indústrias de alimentos, cosméticos e farmacêuticas, que já utilizam o método nas barras das suas embalagens, propiciando conforto e alegria aos consumidores cegos. "Cada embalagem barrada em Braille atesta o reconhecimento por parte da cultura dessa importante invenção de quase dois séculos", observou.
A dirigente da Associação também lembrou dos serviços públicos, que ainda desconhecem a necessidade de se disponibilizar informações em Braille. "As centenas de pessoas cegas do Estado não podem ter acesso às suas faturas de água, energia elétrica, contas de telefone e outros serviços, e são raríssimos os casos em que os restaurantes disponibilizam cardápios em Braille, apesar dessa exigência já ter sido aprovada em lei".
Braille
Natural de Coupvray, uma pequena aldeia a leste de Paris, onde nasceu a 4 de janeiro de 1809, era o filho mais novo de Simão Renato Braille, o correeiro da localidade. A sua vida foi bastante modesta. Em 1812, quando tinha três anos, feriu um dos olhos quando brincava na oficina do pai, a infecção progrediu, transmitiu-se ao olho são, vindo o pequeno a ficar completamente cego algum tempo depois.
Braille freqüentou a escola da sua aldeia, se beneficiando do contato com pequenos colegas de estudos. Anos depois, o seu pai teve conhecimento da existência da Instituição Real dos Jovens Cegos, em Paris, e escreveu repetidas vezes ao diretor para se inteirar dos trabalhos que ali se realizavam e certificar-se de que eram verdadeiramente úteis para a educação do seu filho. Depois de algumas hesitações, decidiu-se pelo internamento.
De espírito metódico e apaixonado pela investigação, Braille, que entrou na Instituição Real dos Jovens Cegos no ano de 1819, teve ali a oportunidade de estudar e ler livros impressos em caracteres ordinários, ideados por Valentin Haüy.
Aponta-se geralmente o ano de 1825 como a data do aparecimento do Sistema Braille, mas só em 1829, Luís Braille publicou a primeira edição do seu 'Processo para Escrever as Palavras, a Música e o Canto-Chão por meio de Pontos, para Uso dos Cegos' e dispostos para eles, a que deu forma definitiva na segunda edição publicada em 1837.
Fonte: http://www.jornalonorte.com.br/especial/tvearte/noticias/?71908
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