Está aqui

Ensinar matemática e raciocínio com jogos de tabuleiro

por Lerparaver

O produto é "único no país". Pelo menos assim o garantem os responsáveis pela LuduScience, uma empresa penafidelense que nasceu em 2010 e que dedica-se à criação de novos jogos e à reprodução de jogos de tabuleiro já existentes, em madeira, que comercializa online. O objectivo foi juntar dois amores: os jogos de tabuleiro e a matemática. Uma das particularidades que os distingue é o facto de todos os seus produtos (cerca de 20) estarem a ser adaptados para que possam ser jogados por cegos e amblíopes, numa parceria com a ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal).

Vendas são sobretudo online

Criar material didáctico, jogos educativos e temáticos que funcionem como um instrumento de aprendizagem é o objectivo da LuduScience. A empresa procura ainda aliar a isso a preservação do património histórico-cultural, contribuindo para o fortalecimento da memória colectiva. "Estamos especialmente vocacionados para desenvolver jogos completamente novos, únicos, exclusivos e personalizados", pode ler-se no site da LuduScience (www.luduscience.pt), que é a forma privilegiada de contacto com o cliente.

Carlos Rocha (31 anos) e Júlia Anileiro (28) são dois dos quatro sócios desta empresa. Estes naturais de Penafiel partilham um percurso comum: são ambos matemáticos, mas não estão ligados ao ensino oficial. Dão aulas num centro de explicações da cidade.

A LuduScience nasceu, em 2010, pela conjugação do gosto pela matemática com o gosto pelos jogos de tabuleiro. Aliar o ensino ao lúdico, tornando a forma de aprender matemática numa experiência recreativa acaba por ser o objectivo. A estratégia é desenvolver capacidades de raciocínio junto dos jogadores que estão a dar resposta a problemas de matemática mesmo sem perceberem. "O facto de isto ser feito de forma lúdica cria motivação extra. As pessoas só conhecem a matemática curricular. Muitas vezes o gosto perde-se pelo caminho porque é apresentada de forma má e pouco apelativa", garantem Carlos e Júlia.

Todos os jogos, entre criados e adaptados, cerca de 20 no total, são de madeira e têm um tabuleiro característico, com design próprio, que os identifica claramente como fabricados por esta empresa. Custam entre sete e 39 euros e são produzidos à medida das encomendas. Além de estarem à venda no site da empresa, estes jogos de tabuleiro estão também disponíveis em locais como o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, o Pavilhão do Conhecimento (em Lisboa) e o Museu Municipal de Penafiel. Com este último têm uma parceria estratégica. Já criaram um jogo, chamado Ludusfidelis, que retrata elementos históricos do museu e, regularmente, realizam aí actividades lúdico-educativas. "O Museu de Ciência de Lisboa também vai criar uma série de actividades baseadas nos nossos jogos", revelam os sócios penafidelenses.

Todos os produtos, contam com o acompanhamento científico do professor Jorge Nuno Silva, da Universidade de Ciências de Lisboa, um dos "maiores especialistas de jogos de tabuleiros antigos a nível europeu". A empresa comercializa todos os jogos usados no Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos, tendo mesmo patrocinado a última edição. Actualmente estão a acrescentar à colecção vários jogos antigos, recuperando o que é tradicional e sentem que os jogos de tabuleiro voltam a ser mais procurados. "Sempre houve interesse", afirmam.

Apesar de todas as parcerias e da boa aceitação por parte de diversas entidades face a estes produtos "diferentes e inovadores" que os leva a percorrer o país, Júlia e Carlos não escondem que a facturação, para já, é muito reduzida. "Há muitos convites para irmos fazer demonstrações e divulgarmos os produtos, soluções e actividades. As pessoas gostam, mas isso ainda não se traduziu em termos de vendas", explicam. A situação não é fácil porque o investimento foi alto (no equipamento de produção) e continua a ser em termos do tempo investido neste negócio.

Por isso, e acreditando que os países nórdicos estão mais predispostos para a cultura dos jogos de tabuleiro, esta empresa penafidelense pretende seguir pela via da internacionalização. "No exterior há um publico preparado para este tipo de produto e com maior poder de compra", acreditam.

Jogo personalizado para o Museu Municipal de Penafiel

A LuduScience não se limita a comercializar jogos de tabuleiro. A empresa penafidelense também tem por fim criar jogos próprios, personalizados à medida de cada cliente.

É o exemplo do Ludusfidelis. Este jogo de estratégia foi concebido com base em duas das múltiplas peças (um dado e uma moeda romanos) encontradas nas escavações no castro do Monte de Mozinho, que são parte do espólio do Museu de Penafiel. O objectivo foi dotar o museu de um produto exclusivo que é usado na dinamização das visitas e actividades.

Também este jogo é usado para desenvolver o raciocínio matemático de forma lúdica e divertida. A esta faceta, alia-se uma outra, a da divulgação do património histórico-cultural da região e do Museu Municipal de Penafiel.

À semelhança dos outros jogos este também procura adequar-se ao programa curricular (neste caso ao do primeiro ciclo). "É um jogo transversal a todas as idades já que trabalha com a decomposição dos números", explicam os criadores.

Jogos adaptados a cegos e amblíopes

Uma das mais recentes apostas passou pela adaptação dos jogos criados para poderem ser utilizados por cegos e amblíopes. A transformação, com tabuleiros e peças com maior relevo e contraste, tem sido levada a cabo de forma parcial, em parceria com a ACAPO.

Ainda no âmbito da responsabilidade social da empresa, a LuduScience tem uma parceria com a universidade sénior penafidelens, a ADISCREP. Isso já resultou na criação de um novo jogo, o Salto do Cavalo, com um dos alunos. o lançamento será no próximo dia 12, no Museu Municipal.

Fonte: http://www.verdadeiroolhar.pt/materias.php?id=17851&secao=1dia