Investigador analisou 954 sites de escolas públicas relativamente à acessibilidade da informação web por parte de pessoas com necessidades especiais e concluiu que apenas 1% cumprem as normas definidas na legislação publicada há 15 anos. E verificou que mais de 57% das 305 escolas da DREN não divulgam plano de estudos na Internet.
A legislação relativa à acessibilidade da informação web por parte de pessoas com necessidades educativas especiais foi criada há 15 anos, mas não é cumprida pela maioria das escolas. Um estudo, no âmbito de uma dissertação de mestrado, da Universidade Portucalense revela que apenas 1% dos sites cumprem essas normas. Victor Henriques, professor de Informática, autor do estudo “As Escolas Portuguesas na Internet: Uma Avaliação dos Sítios Web das Escolas Públicas”, analisou 954 sites de escolas públicas e os resultados são poucos encorajadores: muito poucas escolas respeitam a legislação nessa área, apenas 1% cumprem essas normas de acessibilidade, e apenas 0,53% têm muito boa ou excelente prática.
Victor Henriques chega a resultados pouco animadores nesta matéria. “Existe uma legislação há 15 anos, que está metida na gaveta”, refere ao EDUCARE.PT. Cumprir o que está escrito dá muito trabalho e implica horas extra de dedicação e empenho fora do período normal de aulas. “É complicado ter um site que cumpra todas as regras de acessibilidade”, admite o professor de Informática. Por exemplo, para cumprir à risca a acessibilidade da informação web para pessoas com necessidades educativas especiais, uma imagem tem de ter um texto em alternativa, um vídeo tem de ter um texto em alternativa.
O investigador analisou também os conteúdos das 305 escolas públicas da Direção Regional de Educação do Norte (DREN). Fez vários cálculos durante quatro meses e verificou que mais de 48% dos sites das escolas não divulgam a sua oferta educativa e mais de 57% não mostram o seu plano de estudos. O que, na sua opinião, não deixa de ser preocupante, numa altura em que as escolas públicas evidenciam as suas qualidades para não perderem alunos para o setor privado. “É importante que as escolas públicas divulguem a sua oferta educativa, os seus planos de estudos.”
Os conteúdos dos sites das escolas da DREN foram avaliados com base num modelo com 174 critérios. Victor Henriques debruçou-se sobre alguns que já estavam criados e juntou-lhe mais 40 critérios. Critérios que foram divididos em vários pontos como oferta educativa (cursos, planos de estudos), professores (listagem de quadros docentes), alunos (horários, turmas), disciplinas (manuais escolares adotados), atividades extracurriculares (projetos, notícias), tecnologias e serviços web (pesquisa, blogues, redes sociais), identificação (nome da escola, páginas de abertura), descrição da escola (logótipo, horários dos serviços, contactos), órgãos (conselho executivo, pedagógico), documentos institucionais (plano de atividades, legislação).
O autor do estudo avança com algumas recomendações com aspetos a melhorar ao nível dos conteúdos e da apresentação da informação. “Por exemplo, relativamente ao URL, não existe nenhuma recomendação ou orientação do Ministério da Educação, permitindo que cada escola tenha a autonomia de escolher o seu domínio, no entanto, recomenda-se a escolha do domínio EDU.pt, uma vez que é o que corresponde aos sítios web educacionais portugueses. No estudo foi possível observar que apenas 11,48% das escolas da DREN utilizam este domínio”, adianta o investigador. Verifica-se que 15% das escolas utilizam o domínio com e cerca de 30% o domínio pt. “Não existe nenhuma orientação ou obrigação por parte do Ministério da Educação”, refere. E assim várias escolas acabam por optar pelo domínio mais barato. Victor Henriques constatou ainda, no decurso da sua pesquisa, que o contacto do administrador de vários sites está pouco disponível.
Fonte:
http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=33182&langid=1
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