Artigo de opinião
A Educação para deficientes visuais
Muitos de vocês já devem ter passado por situações desagradáveis - e até mesmo constrangedoras - na escola. Muitas vezes isso acontece pela falta de conhecimento das pessoas - incluindo a maioria dos professores - que não sabem lidar com os portadores de baixa visão. Mas até onde esse constrangimento é fruto da ignorância, e quando passa a ser puro preconceito?
Os colegas de deficientes visuais - salvo raras exceções - tendem a fazer piadas, brincadeiras de péssimo gosto, etc. Os professores, às vezes por não saber como se portar, às vezes por fugir da responsabilidade - por assim dizer - tendem a deixar uma espécie de vácuo na cabeça do aluno portador de deficiência. Esse aluno, por sua vez, mesmo se esforçando nunca vai absorver o conteúdo sem uma atenção especial dada pelo professor. Mas como dar atenção especial se a turma não coopera? Na maior parte das vezes esses colegas só não ajudam com o silêncio - aliado importantíssimo do aprendizado desse aluno especial, que se guia pela voz do professor, ou da pessoa que dita para ele -, porque é um pedido do aluno. Para os colegas "pedir silêncio" é uma espécie de autoritarismo do aluno especial - o que, claro, não é verdade, já que este só pretende entender o conteúdo ministrado pelo professor.
É muito complicado todo o processo académico do portador de deficiência visual, mas essa situação se agrava nos últimos anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, onde a turma está num período cheio de transformações e deixam de lado o respeito as diferenças. A "perseguição" a esses alunos quase sempre é justificada pelo "poder" que esse aluno tem sobre o corpo docente e o restante da turma não. É claro que esse tal "poder" não passa de atenção que o portador de deficiência visual precisa sim para estudar, e essa atenção poderia muito bem ser dada até mesmo pelos colegas de sala, mas estes tendem a ver o aluno especial como um tipo de "praga" que só atrapalha as aulas.
O uso desses argumentos me é justificado, pois sou uma pessoa portadora de deficiência visual que ao longo da vida escolar enfrentou - e enfrento - muitos problemas, tais como; apelidos pejorativos, professores que não se atentam às necessidades do aluno especial, comparações - sem sentido - com o aluno cego, etc. Escrevo com o intuito de fazer as pessoas refletirem sobre como tratam as pessoas, sejam elas deficientes visuais, negros, portadores de deficiência motora, praticantes de determinado credo religioso, etc.
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Comentários
Mas a lei sobre Educação Especial
É interessante a sua opinião, porém, aquilo que se está a preparar com a nova Lei da Educação Especial, é algo bem diferente. Em vez de haver inclusão, vamos por os alunos Surdos em escolas específicas para surdos, os alunos invisuais em escolas só para invisuais.
A nova lei, se sair, vai segregar em vez de incluir.