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Feira Nova emprega cego no balcão de apoio ao cliente

por Lerparaver

O caldense Carlos Gomes, de 37 anos, com deficiência visual, está desde o dia 17 de Março a trabalhar no Balcão de Apoio ao Cliente da loja Feira Nova nas Caldas da Rainha. Esta contratação aconteceu no âmbito do Protocolo do Grupo Jerónimo Martins com a ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, na integração laboral, de 40 pessoas com deficiência de visão.

A rotina repete-se cinco dias por semana. Carlos Gomes sai da sua residência, na cidade, e chega à Feira Nova das Caldas da Rainha na estrada de Tornada, por volta das 09h30.

Pela frente tem um longo dia de trabalho, que se divide entre atender o telefone e dar apoio aos clientes no balcão de informação. Mas não se limita a ser telefonista. Tenta ser versátil e colaborar em outras tarefas. Por exemplo, foi ele quem embalou todos os livros provenientes da campanha de recolha de livros escolares que decorreu até ao final de Setembro.

“Eu vivo e faço tudo sozinho, portanto sou muito “desenrascado”, condicionar-me ao telefone e chamar os meus colegas para fazer as coisas, não é o meu conceito de trabalho”, sublinhou, satisfeito com o seu novo emprego.

Antes de ficar cego, chegou a trabalhar num escritório onde aprendeu a fazer contabilidade mas a sua cegueira aos 23 anos devido à diabetes obrigou-o a despedir-se. “A empresa onde eu trabalhava deu-me como incapaz para o trabalho que eu executava, e também não tinha meios para eu me adaptar, portanto a Segurança Social obrigou-me a despedir”, apontou. Os primeiros cinco anos como invisual foram muito difíceis para Carlos Gomes. “Não tinha perspectiva nenhuma, limitei-me a fazer a minha adaptação pessoal à situação e fui para Lisboa fazer reabilitação”, referiu. Em 1999 entrou para o Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor onde começou o curso de teletrabalho e integrou-se em várias instituições, mas sempre sem contrato de trabalho.
Após todas as barreiras sociais que transpôs, hoje assume as funções no balcão de apoio ao cliente da Feira Nova nas Caldas da Rainha e faz parte de um grupo restrito de cegos que tem emprego estável com contrato de trabalho. “Estou no segundo contrato de seis meses, e se gostarem do meu desempenho, depois deste contrato fico efectivo”, revelou, satisfeito com a atitude do Grupo Jerónimo Martins que “abriu concurso nacional nas lojas Pingo Doce e Feira Nova para 40 vagas, só para cegos”.

Olhando para trás, Carlos Gomes reconhece que “as coisas mudaram muito nos últimos anos”, sobretudo graças à evolução da tecnologia, o que permite às pessoas com deficiência serem “mais autónomas e independentes”. Na Feira Nova trabalha com o seu computador que tem software específico composto por um programa de síntese de voz, que através de um leitor de telas transforma o conteúdo em voz alta. No entanto, este lembra que “o acesso ao emprego mantém-se ainda muito difícil”. “Hoje em dia já é complicado uma pessoa com todas as capacidades arranjar emprego, e ainda mais difícil é o mercado de trabalho para os deficientes”, revelou. No seu entender, “há um enorme trabalho ainda por realizar para sensibilizar as empresas, porque a maioria das pessoas não acredita na capacidade dos deficientes visuais”.

Carlos Gomes elogiou o Protocolo do Grupo Jerónimo Martins com a ACAPO e espera que sirva de exemplo para outras empresas privadas. “Além do Grupo Jerónimo Martins, o único local que me fez contrato de trabalho foi a Secla, nos outros locais tive sempre em estágio ou formação, mas sempre através do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, que me tem apoiado bastante”, apontou, agradecendo à entidade empregadora e a todos os colegas da Feira Nova das Caldas.

O funcionário aproveitou esta entrevista para pedir à Câmara Municipal das Caldas da Rainha para “reforçar a pintura da passadeira perto da Rotunda que dá acesso à Feira Nova”.

O Director da Feira Nova das Caldas da Rainha, Carlos Frazão, também felicitou a iniciativa do Grupo Jerónimo Martins na integração no mercado de trabalho de deficientes visuais e no caso de Carlos Gomes revelou estar satisfeito com o seu desempenho. “É uma pessoa excepcional, que nos tem surpreendido pela positiva pela forma como é organizado e articulado”, revelou.

Fonte: http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2008/10/01/feira-nova-emprega-c...

Comentários

no ambíto desta notícia acho que foi orgolhozo para uma pessoa que passou por muitos obestácolos e ficar com um emprego é muito gracioso. pois muitas empresas deveriam seguir o esemplo deste grupo do feira nova, pingo doce e oferecer logares garantidos para pessoas com defeciencia não só de cegueira como ooutra qualquer defeciencia.

Quero aquifelicitar a iniciativa do grupo Gerónimo Martins, na integração no mercado detrabalho de deficientes visuais. Seria bom que outras empresas seguissem o mesmo exemplo.

Sem dúvida alguma esta notícia mostra-nos as dificuldades sentidas por pessoas portadoras de deficiência visual, nomeadamente no mercado de trabalho,no entanto, quando se quer muitas coisas podem ser feitas para os minimizar.
Para que tal se possa tornar cada vez mais evidente, seria necessári
ivestir em campanhas de sensibilização para que as grandes empresas comecem a acreditar que com um posto de trabalho adaptado para as necessidades do funcionário em questão, se consegue tornar esse individduo num trabalhador rentável e eficaz.

eu como deficiênte vizoal tenho pena que não haja mais gerónimos martins tal vez os dificiêntes podecem ter uma vida melhor